- Ano: 2008
Descrição enviada pela equipe de projeto. O programa foi-me apresentado muito definido, claro: sala comum, cozinha, pequeno escritório, três quartos, espaço de garagem e alguns arrumos. Aproveitamento do espaço exterior e privacidade.
A Casa da Madalena e seu programa está organizada em três volumes.
O volume central onde estão organizadas as funções sociais, o volume a poente onde estão organizados os três quartos e dois banhos e o corpo ou anexo a nascente caracterizado pelo coberto de garagem e o volume de arrumos e área técnica.
O corpo central predomina sobre os outros pela sua volumetria de dois pisos que caracteriza principalmente o espaço de sala e sala de jantar com pé direito duplo. A desarticulação geométrica entre os volumes salienta as suas diferenças. As ligações são realizadas por volumes de geometrias concordantes.
Optei por paredes estruturais em concreto aparente e de aparência bruta, fugindo do concreto super perfeito, tecnológico, japonesado, quase que concreto não é. O resto foi preenchido por estruturas de madeira e vidro. Método estranho, se compararmos com o que habitualmente se faz o que levou a várias e curiosas especulações durante o processo construtivo.
Laje de pavimento em concreto, paredes ao alto, isoladas, sem tecto ou lajes, mais parecia uma escultura ou instalação, enquanto aguardava a entrada em obra do carpinteiro. Especulava-se que seria uma nova capela ou algo pouco definido a que as imaginações, várias, são profícuas.
Não, era simplesmente uma habitação que com as suas paredes de concreto bruto vira as costas à urbanidade da rua a norte, abre-se completamente a sul para usufruto do jardim, do sol, da luz e da privacidade que os terrenos agrícolas, ainda, oferecem.
No interior as paredes de concreto deram lugar a paredes em gesso cartonado pintadas de branco, madeira de riga, estrutural nos tectos, e caixilharias que também têm funções estruturais.
O piso é todo em xisto, o interior e o exterior numa continuidade pretendida. Cobertura e impermeabilização em chapa de cobre.
O escritório é o coro do espaço de capela que caracteriza a sala, o volume principal. O acesso, em escada, aparentemente estranha, difícil, revelando-se surpreendentemente confortável no uso.
É a transgressão sempre apetecível, desejada, compensação neste mundo de regulamentações obstinadas e obtusas.